segunda-feira, 11 de abril de 2011

Da Limonada ao Limão, Felipão é Campeão!


     É o Palmeiras que dita o ritmo do Campeonato Paulista. Seguido de perto por seus rivais, o alvi-verde contraria as previsões e há algumas rodadas mantém-se na dianteira do certame. Mesmo com um grupo reconhecidamente de qualidade inferior, consegue os resultados que lhe convém de forma segura. Luiz Felipe Scolari , semelhante aos jogadores quando repatriados, demorou um ano para readaptar-se ao futebol nacional. Uma temporada para esquecer os elencos qualificados, o futebol bem jogado, a fria e pacata tranquilidade encontrada em solo europeu. Melhor, parece ter finalmente encontrado o bom e velho estilo Felipão. Como ninguém, segue a risca o ditado "fazer de um limão uma limonada". Engraçado que o limão é ele mesmo quem colhe.
   Os méritos do treinador são antigos e conhecidos. Grande capacidade para armar equipes competitivas, defesas sólidas, explorar os pontos fortes do seu time, encontrar atletas úteis e com características bem definidas. Porém é no dia-a-dia, criando e contornando polêmicas, que ele consegue fazer a diferença. As críticas à qualidade do plantel quase sempre partem do treinador. Peita de frente com seu torcedor, reclama abertamente dos dirigentes. Na verdade o que faz é centralizar e ao mesmo tempo desviar críticas e responsabilidades. Sabe que até um jogador mediano pode render bem quando ausente de pressão. Ele precisa de inimigos para fechar o grupo em torno dos seus objetivos. A imprensa aliás é seu alvo predileto. Avista ofensividade em qualquer pergunta, colocação, até em um simples convite para tomar café. Essa é uma história interessante.
     Uma vez fui a um hotel em Criciúma aonde o Grêmio estava hospedado para jogar uma partida da Copa do Brasil de 1996 contra o Tigre. Aos 13 anos tive a alegria de almoçar na companhia de grandes ídolos como Danrlei, Jardel, Roger e Paulo Nunes. Em meio a tanta euforia, flagrei duas cenas curiosas, que nunca sairão da minha memória. Primeiro, um morador local se aproxima de Scolari e o convida para degustar um capuccino em uma cafeteria tradicional da cidade, a resposta? Bem assim, na segunda pessoa e com sotaque do Lima Duarte na novela das seis.
-Rapaz, pensas que eu não sei que tu só queres que eu vá contigo pra dizer que és amigo do Felipão?
Logo em seguida Paulo Nunes adentra o ambiente com uma cara de sono descomunal e a camiseta vestida do lado contrário. Muito atento, o treinador não deixou passar barato. Vai pensando no Lima Duarte.
- Mas tchê Paulo, tu estais lançando moda agora? Fartos sorrisos entre os presentes.
     Acho que estas passagens resumem bem a personalidade de Luiz Felipe. Azedo como um limão para quem lhe é estranho e doce e agradável para seus comandados, como uma boa limonada.